Domingo, Outubro 13, 2024

Setor de carnes alerta para risco de desabastecimento com alta nos custos de produção

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Rafael Arcuri
Rafael Arcuri
Rafael é o fundador do blog Fala São João, onde atua desde sua criação em 2012. Ao longo dos anos, ele publicou mais de 5.000 artigos sobre uma ampla gama de temas, incluindo notícias de última hora, acontecimentos policiais e questões políticas, entre outros.

Representantes da indústria e dos produtores pedem a isenção de tributos estaduais e federais na importação e comercialização grãos para ração animal

A Comissão de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (CAPADR) promoveu, nesta sexta-feira (21), audiência pública para discutir “O abastecimento da produção de proteína animal”. Proposto pelo deputado Jerônimo Goergen (Progressistas-RS), o debate reuniu representantes da indústria e produtores de carnes, suínos, aves e ovos. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, alertou para os reflexos danosos do aumento dos custos de produção para os consumidores brasileiros. O dirigente apontou a conjuntura econômica mundial, a dificuldade do acesso e cotação do milho e da soja para ração animal, a disparada dos preços de embalagens e suprimentos como os principais problemas enfrentados pelas agroindústrias. “O prato dos brasileiros pode ficar mais vazio se o governo não agir rápido. Não é que vai faltar produto, mas vai diminuir a oferta. Na mesa das pessoas pobres é que vamos ver a influência”, destacou Santin.

O presidente da ABPA explica que 70% dos custos de produção vêm da ração. E de janeiro de 2019 até maio de 2021 o preço do milho teve um aumento de 180% e o da soja 140%. Outros custos da indústria também explodiram: polietileno (+91%), diesel (+30%), papelão (+68%) e embalagens rígidas (+85%). “Nós seremos o veículo de um aumento muito forte na mesa do consumidor, mas não somos a causa. Não queremos aumentar preço para ganhar mais dinheiro e sim para manter o emprego e a renda de milhares de famílias no campo”, argumentou o dirigente.

Para compensar essa elevação dos custos de produção, a indústria e os produtores pedem a isenção de tributos estaduais e federais na importação e comercialização de grãos para ração animal. Entre as medidas solicitadas estão:

– Suspensão temporária da cobrança de PIS/Cofins para importação de milho e soja de países de fora do Mercosul, para empresas que não conseguem realizar Drawback;

– Suspensão de PIS/Cofins para fretes realizados no mercado interno;

– Suspensão do Imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre a importação desses insumos de países que não integram o Mercosul;

– Remover os entraves operacionais na importação de milho e soja geneticamente modificados, restringindo o seu uso à ração animal;

– Possibilitar à indústria o acesso a recursos do plano safra para armazenagem;

– Políticas de incentivo do plantio de milho e de cereais de inverno no Brasil.

Deputado Jerônimo Georgen

Para o deputado Jerônimo Goergen, os alertas trazidos pela indústria de carnes mostram que o problema é muito mais complexo e não se restringe à área agrícola. “Quando falamos no risco de desabastecimento, de desindustrialização, da falta de proteína no prato dos brasileiros, de risco inflacionário, estamos trazendo elementos econômicos e sociais que exigem a atuação de várias estruturas de governo”, alertou. O parlamentar propôs a criação de um grupo interministerial que atue emergencialmente na tomada de decisões que possam reduzir a pressão sobre a cadeia produtiva da carne.

O setor econômico é responsável por 4 milhões de empregos diretos e indiretos e nos últimos 20 anos o segmento gerou US$ 145 bilhões em receitas cambiais, o equivalente a R$ 700 bilhões pela cotação atual. “É um segmento que atendeu prontamente ao chamado do presidente Jair Bolsonaro, aumentando a produção interna mesmo em tempos de pandemia, não deixando faltar comida no prato. A carne de gado, o frango, a carne suína e o ovo, as principais fontes de proteína para manter a imunidade e a saúde da população”, finalizou Jerônimo.

Já o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Folador, disse que o mercado interno está numa situação bem ajustada e complicada. “Então, o que podemos solicitar é que se retire a tributação federal. E o governo do Rio Grande do Sul já sinalizou que vai retirar o ICMS, para que a gente possa buscar equilibrar essa conta internamente”, ressaltou. Também participaram da audiência pública o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), José Eduardo dos Santos, e o diretor de comercialização e abastecimento da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Silvio Farnese.

Assista à audiência pública na íntegra

Assessoria de Imprensa

Deputado Federal Jerônimo Goergen (Progressistas-RS)

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