Terça-feira, Setembro 17, 2024

O parto do jacaré

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Marcelo Pirajá Sguassábia
Marcelo Pirajá Sguassábia
Redator publicitário há mais de 30 anos. Prêmios Colunistas, Profissionais do Ano, Prêmio Abril de Publicidade, Top Rac, MidiaFestival, Central de Outdoor, Festvídeo, Show-up Meio&Mensagem e outros.

– Job novo chegando, meu caro Jacques, Encomenda do René, o tenista. Aqui está dizendo para criar uma logomarca de um crocodilo estilizado, para uma grife de roupas de tênis.

– Nossa, que estranho. E vindo do Dr. René, um homem refinadíssimo, é mais estranho ainda. Crocodilo é animal selvagem, nada a ver com esse esporte.

– Claro. Tenistas formam uma elite, seria mais apropriado um vison, por exemplo. Isso se for mesmo o caso de escolher um bicho pra simbolizar a marca.

Era uma vez um crocodilo.

– Concordo contigo, Antoine. Ninguém vai usar isso. Imagina só, vão começar com aquela brincadeira maliciosa, de que jacaré se defende com o rabo. Fracasso retumbante, marca natimorta.

– Ainda bem que o cara é rico, porque vai perder dinheiro com essa roubada de botar jacaré estampando roupa. Só pode ser um surto psicótico, né? Passa uma coisa negativa, é um animal que engole gente. Não é amigável, não atrai.

– O que ele pretende? Vamos tentar entender o que se passa na cabeça do cara. Se fosse uma linha de jaquetões tipo safari, tudo bem. Adequação total. Mas um infeliz de um jacaré pra uma coleção urbana, e parisiense! A gente tem que alertar o Dr. René, não é possível, eu me recuso a prosseguir com este job.

– Mas espera um pouco. O que eu entendi a princípio é que era uniforme de tênis, e não roupa pra se usar normalmente…

– Então, a ideia do René é começar na quadra, ganhar visibilidade pra depois ir para as ruas. Ele está contando que a coisa será um sucesso estrondoso.

– Jesus amado! Olha, tenho uma ideia melhor – vamos ignorar o crocodilo. Eu trabalho uma opção com um panda e você faz uma chinchila, pode ser? A gente satisfaz o cliente usando um bicho, mas defende o fato de não poder ser um jacaré. Depois o negócio dá errado e ainda vão dizer que nós, especialistas em design, não alertamos. Não nos interessa a cumplicidade com um fracasso.

– Justamente. Não é porque o cliente manda que a gente tem que baixar a cabeça.

– Tô até vendo, ele vai chorar amargamente.

– Lágrimas de crocodilo. No bom sentido, o René é gente boa.

Esta é uma obra de ficção.

Leia mais sobre a história do logotipo da Lacoste neste link.

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