A escritora sanjoanense Pagu foi anunciada como a autora homenageada da Flip 2023, segundo informações divulgadas por Mauro Munhoz, diretor artístico da Flip. Em um ciclo de conversas no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, em São Paulo, antes do festival, serão realizadas mesas de discussão com o objetivo de explorar mais profundamente a obra de Pagu e seu legado. Essas mesas terão uma abordagem mais ampla, buscando atrair um público diversificado e menos especializado.
Fernanda Bastos, uma das curadoras da Flip, destacou a importância de Pagu e seu legado como uma personalidade multifacetada, cuja obra precisa ser conhecida, lembrada e discutida. A intenção é ampliar a divulgação da obra de Pagu, que foi uma inspiração para o movimento feminista e até mesmo para a música “Pagu” de Rita Lee. O objetivo é incentivar a leitura e o estudo de sua obra.
Milena Britto, outra curadora da programação, enfatizou a necessidade de apresentar uma visão mais ampla de Pagu, além de sua imagem como musa do movimento modernista. A intenção é explorar suas escritas e entender a mulher por trás da figura pública, alguém que não teve medo de se envolver em debates, era apaixonada pela liberdade e determinada a desafiar as convenções sociais.
Embora por muitos anos a obra de Pagu tenha ficado distante das livrarias, recentemente houve um interesse crescente por suas publicações. A Companhia das Letras publicou sua autobiografia, anteriormente intitulada “Paixão Pagu”, em 2020, sob o título “Autobiografia precoce”. Em 2022, a editora Nós lançou “Pagu no Metrô”, que retrata sua passagem por Paris. Além disso, há outras obras disponíveis e novos lançamentos estão previstos para aproveitar a homenagem na Flip.
QUEM FOI PAGU
Pagu, cujo nome real era Patrícia Galvão, nasceu em 9 de junho de 1910, em São João da Boa Vista. Ela foi uma figura importante do modernismo brasileiro, que trocou os círculos intelectuais pelo ativismo e pela luta revolucionária. Pagu enfrentou o machismo e diversas adversidades ao longo de sua vida, sendo presa mais de 20 vezes por sua atuação política. Ela foi militante de esquerda, escritora, jornalista, tradutora e ilustradora. Sua obra mais conhecida é o romance “Parque Industrial”, publicado em 1933, que retrata a vida das trabalhadoras paulistanas.
Pagu teve um papel significativo no cenário político e cultural do Brasil e do mundo, sendo detida na França e posteriormente deportada para o Brasil. Ela manteve amizades com André Breton e Paul Éluard e se separou de Oswald de Andrade em 1935. Pagu passou dois anos presa e torturada devido às perseguições políticas. Ao longo de sua vida, ela colaborou com jornais de esquerda, dedicou-se ao teatro e candidatou-se ao cargo de deputada estadual pelo PSB.
A vida de Pagu foi retratada no filme “Eternamente Pagu”, dirigido por Norma Benguell em 1987, com Carla Camurati interpretando o papel principal. Sua história é marcada por sua coragem, determinação e compromisso com a luta pelos direitos das mulheres, pela justiça social e contra o autoritarismo.
A Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) é um evento renomado no cenário literário brasileiro, e a escolha de Pagu como autora homenageada em 2023 reflete o reconhecimento de sua importância para a literatura e para a história do Brasil. A programação completa do evento ainda será anunciada, mas espera-se que seja um espaço para celebrar e discutir a obra e o legado de Pagu, bem como para promover a leitura de suas obras.
A homenagem a Pagu na Flip 2023 representa uma oportunidade valiosa para que mais pessoas conheçam sua contribuição para a literatura e para o ativismo político. Sua escrita engajada, seu espírito combativo e sua busca por liberdade e justiça continuam sendo relevantes nos dias de hoje.
É importante ressaltar que Pagu não apenas desafiou as convenções sociais e enfrentou as dificuldades de sua época, mas também deixou um legado que inspira as gerações seguintes. Sua coragem e dedicação à causa operária e ao feminismo são exemplos poderosos de resistência e empoderamento.
A Flip 2023 será uma oportunidade para reavivar o interesse pela obra de Pagu, expandir seu alcance e promover discussões significativas sobre seu trabalho. Espera-se que a celebração de sua vida e legado na Flip ajude a manter viva a memória de uma escritora notável que contribuiu para a literatura brasileira e para a luta pelos direitos das mulheres.
21ª FLIP
“21ª Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, de 22 a 26 de novembro de 2023: Pagu, a autora homenageada que brilhará em Paraty.”