Quarta-feira, Julho 30, 2025

Mineração em Caldas e Poços de Caldas ameaça Águas da Prata: riscos à saúde, ao meio ambiente e à vida no interior de SP

Mais Falados

Guia Comercial

Rafael Arcuri
Rafael Arcuri
Rafael é o fundador e responsável pelo Jornal Fala São João, presente desde sua criação em 2012. Com uma atuação destacada no jornalismo, Rafael já publicou mais de 6.000 artigos, cobrindo uma ampla gama de assuntos, como notícias de última hora, ocorrências policiais e análises políticas, sempre comprometido em informar e conectar a comunidade de São João da Boa Vista e região.

Um megaprojeto de mineração de terras raras — conhecido como Projeto Colossus, operado pela empresa Viridis — está causando profunda preocupação na região da Serra da Mantiqueira, especialmente entre os moradores e ambientalistas de Águas da Prata (SP). Embora a atividade esteja oficialmente concentrada nos municípios mineiros de Caldas e Poços de Caldas, os impactos socioambientais ultrapassam as divisas estaduais, afetando diretamente os recursos hídricos, o equilíbrio ecológico e a saúde das comunidades vizinhas.

Terras raras: a nova fronteira das guerras silenciosas

A mineração em Poços de Caldas e Caldas, MG, concentra-se principalmente na extração de terras raras e outros minerais como bauxita, argila refratária e metais preciosos. A região possui um histórico de mineração de urânio, com a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) tendo operado na área. Atualmente, projetos de mineração de terras raras estão em destaque, com a empresa Viridis Mineração e Minerais investindo em um projeto significativo na região. 

A exploração de terras raras e urânio na Serra da Mantiqueira, por meio de projetos como o Colossus, vai além dos impactos ambientais e sociais imediatos — ela insere o Brasil no centro de disputas geopolíticas e militares globais. Em um cenário de reconfiguração das cadeias de suprimento e corrida armamentista, esses minerais são considerados insumos críticos para tecnologias de defesa, energia nuclear e sistemas bélicos de última geração. A crescente tensão entre potências como Estados Unidos, China e Rússia, somada à ameaça de novos conflitos armados e guerras tecnológicas, transforma territórios mineradores em zonas de interesse estratégico internacional. Com reservas de urânio e terras raras cada vez mais cobiçadas, o Brasil se vê exposto a pressões externas, riscos de militarização da política mineral e fragilidades na proteção de seus recursos soberanos. Ignorar esses fatores não é apenas negligenciar o meio ambiente, mas comprometer a segurança nacional diante de uma possível nova era de guerras por minerais estratégicos usados em tecnologia, veículos elétricos e sistemas de energia renovável e materiais bélicos.

Ameaça à água potável e ao lençol freático

O processo de extração de terras raras envolve o uso intensivo de produtos químicos para separar os minérios do solo — técnica conhecida como lixiviação. De acordo Michele Soares, Presidente da Brigada do Barranco e moradora de Águas da Prata, essa técnica representa uma séria ameaça ao lençol freático da região. “A água utilizada para a lavagem do minério será retirada da represa do Cipó, um dos mananciais mais importantes para o abastecimento regional”, alerta.

Destruição ambiental e risco de extinção de espécies

A área afetada inclui zonas de mata atlântica e cerrados preservados, abrigando espécies nativas em risco de extinção, como uma espécie de perereca rara identificada na área de intervenção — o que pode se tornar um ponto chave na tentativa de barrar o projeto junto ao Ibama e à FEAM. Além disso, grandes cavas de até 40 metros de profundidade serão escavadas, provocando impactos irreversíveis ao solo e à fauna local, onde ainda serão devolvidos os rejeitos, resíduos contaminados resultantes do processo de extração.

Problemas respiratórios e saúde pública negligenciada

A liberação de poeira tóxica e partículas no ar representa um risco concreto à saúde dos moradores, especialmente nos bairros da zona sul de Poços de Caldas, que estão diretamente na linha da chamada “zona de sacrifício” — sem previsão de evacuação nem contrapartida médica. “Não há cláusulas que garantam atendimento à população afetada. Só promessas vagas sobre geração de empregos”, critica Michele.

Falta de transparência e questionamentos ao licenciamento ambiental

As audiências públicas realizadas em Caldas e Poços de Caldas não contemplaram os impactos sobre Águas da Prata, conforme denunciam lideranças e especialistas. Daniel Tygel, físico da Unicamp, afirma que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ignorou dados fundamentais e questiona a viabilidade técnica e ética do projeto.

Mobilização popular e resistência ambiental

Desde 2020, a Brigada do Barranco atua na linha de frente do combate aos incêndios florestais e à destruição ambiental na região. Agora, lideram com outras ONGs, como a Terra Viva Água Rara, um movimento de resistência que cresce a cada dia, contando com o apoio de universidades, técnicos ambientais e associações comunitárias. A coleta de assinaturas para barrar o projeto já está em curso e novas manifestações estão previstas.

Como se envolver

A população pode acompanhar o movimento e participar das ações através das redes sociais:

Se a dor do outro não dói em mim, eu desconheço o que é amor”, afirma Michele, que vem sofrendo ataques e represálias por sua atuação. “A educação ambiental precisa ser vivida, e não apenas discutida quando vira emergência.”

📍 Acompanhe mais reportagens como essa no Fala São João — jornalismo independente e compromisso com a verdade socioambiental.

- Advertisement -
- Advertisement -

Últimas Notícias

Faleceu Diener Roquetto Peres (Di Leluiá) aos 45 anos em São João da Boa Vista

Nota de Falecimento – São João da Boa Vista, 29 de julho de 2025 É com grande pesar que comunicamos...
- Advertisement -

Artigos Relacionados

- Advertisement -