Gestão pública sob pressão: mortes na UPA expõem falhas do Executivo
A 12ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de São João da Boa Vista, realizada em 05 de maio de 2025, revelou um cenário político de contrastes. Enquanto vereadores apresentaram projetos louváveis para assistência a gestantes e inclusão social, a pressão popular aumentou diante das recentes mortes de pacientes — incluindo crianças — na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O caos na saúde pública continua sendo o espelho de uma má gestão pública.
Projetos sobre gestantes: avanço simbólico ou cortina de fumaça?
O vereador Leandro Thomazini protagonizou a sessão com uma série de projetos voltados à saúde da mulher. Foram aprovadas propostas sobre a presença de doulas, fisioterapeutas pélvicas, psicólogas e enfermeiras obstétricas no acompanhamento do parto. Embora essenciais, essas políticas públicas parecem destoar da realidade cruel da UPA, onde pacientes estão morrendo sem atendimento adequado.
População cobra respostas: saúde pública em colapso
Durante a Tribuna Livre, munícipes denunciaram mortes recentes e cobraram respostas diretas do Executivo e do Legislativo. A fala emocionada de Marcela Maria Loyola Bueno, defendendo os projetos de apoio às gestantes, ganhou aplausos, mas também serviu como lembrete de que leis no papel não salvam vidas sem estrutura básica de atendimento.
Direitos e inclusão: projeto para autistas avança, mas aplicação ainda é dúvida
Foi aprovado em primeira discussão o Projeto de Lei que garante gratuidade no transporte público e na Zona Azul para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Apesar do avanço, a pergunta permanece: como implementar esses benefícios com uma estrutura urbana precária e um sistema de transporte mal gerido?
Premiações culturais em meio ao caos: prioridades invertidas?
Enquanto pacientes morrem sem atendimento, o Executivo propôs (e aprovou) um projeto de lei para distribuir prêmios em dinheiro para concursos juninos. Fica a pergunta: onde estão as prioridades da Prefeitura? Cultura é importante, mas não pode ser usada para mascarar a falta de investimentos em áreas essenciais como saúde e segurança.
Homenagens e simbolismo: política do faz de conta?
Outros projetos incluíram a mudança do nome do Paço Municipal para “Palácio Jaguari Mirim” e a concessão de título de cidadania honorária. Decisões simbólicas em meio a um cenário de luto e indignação popular. A política do faz de conta segue firme, enquanto a população exige ação concreta.
Conclusão:
A 12ª Sessão Ordinária foi marcada por um paradoxo: boas ideias legislativas sufocadas pela omissão diante da tragédia. O povo de São João da Boa Vista exige mais do que projetos bem-intencionados — exige gestão eficiente, saúde pública digna e respeito à vida.