A saúde pública em São João da Boa Vista enfrenta um momento delicado. Relatos de insatisfação da população quanto ao atendimento médico têm se intensificado, especialmente em relação à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Desde o início de 2025, seis pessoas — entre elas duas crianças — faleceram durante ou após atendimento no local, levantando dúvidas sobre diagnósticos e condutas adotadas.
O caso mais recente envolve a servidora pública municipal Valéria Martins do Vale Riquena, de 51 anos. Segundo informações, ela buscou atendimento na UPA em diferentes ocasiões, relatando dores intensas. Contudo, recebeu diagnóstico de ansiedade e chegou a ser encaminhada para atendimento no Caps (Centro de Atenção Psicossocial).
Posteriormente, descobriu-se que Valéria sofria de trombose da artéria mesentérica, condição grave que evoluiu para choque séptico. Diagnosticada a tempo, a doença poderia ter sido tratada com chances de recuperação. A paciente foi transferida para a Santa Casa Dona Carolina Malheiros, mas faleceu na última terça-feira (12). O caso repercutiu nas redes sociais e causou comoção entre familiares, amigos e servidores.
Posicionamento oficial
Em nota, a Prefeitura de São João da Boa Vista lamentou o falecimento da servidora e reforçou que a responsabilidade por diagnósticos e condutas médicas cabe exclusivamente aos profissionais de saúde e ao diretor-técnico da UPA. A administração destacou ainda que qualquer alegação de erro deve ser analisada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), órgão competente para avaliar condutas médicas.
O prefeito Vanderlei Borges de Carvalho (PSD) comentou que a principal dificuldade enfrentada pela saúde municipal é de ordem financeira, reflexo de gestões anteriores e de problemas envolvendo Organizações Sociais (OSs). Ele destacou que está em andamento a transição da gestão da UPA para o Conderg (Consórcio de Desenvolvimento Regional), processo que, segundo ele, será feito de forma gradual para garantir a continuidade dos serviços.
Vanderlei afirmou ainda que a administração municipal “está fazendo o máximo possível dentro da legalidade para assegurar melhorias no atendimento à população”.
