Sexta-feira, Setembro 5, 2025

Setembro Amarelo: Por trás de cada notícia existe uma vida, entrevista com a Psicóloga Ana Cláudia

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Rafael Arcuri
Rafael Arcuri
Rafael é o fundador e responsável pelo Jornal Fala São João, presente desde sua criação em 2012. Com uma atuação destacada no jornalismo, Rafael já publicou mais de 6.000 artigos, cobrindo uma ampla gama de assuntos, como notícias de última hora, ocorrências policiais e análises políticas, sempre comprometido em informar e conectar a comunidade de São João da Boa Vista e região.

Entrevista com a Psicóloga Ana Cláudia sobre prevenção ao suicídio ‘Setembro Amarelo’, por Rafael Arcuri

1. Qual o impacto psicológico que uma exposição pública negativa pode causar em uma pessoa já fragilizada emocionalmente?
Uma exposição pública negativa pode ser devastadora para quem já está em sofrimento. Muitas vezes a pessoa já carrega sentimentos de tristeza, insegurança ou inadequação, e quando isso é reforçado em público pode surgir vergonha, medo e um desamparo muito intenso. Em vez de apoio, ela se vê ainda mais isolada e isso pode agravar quadros de ansiedade, depressão e sentimentos de desesperança.

2. Até que ponto a mídia ou páginas de grande audiência têm responsabilidade quando tratam casos íntimos e delicados de forma sensacionalista?
A responsabilidade é enorme, pois a forma como uma história é contada pode acolher e conscientizar, mas também pode aumentar o sofrimento e até gerar novos riscos quando há sensacionalismo. Por isso, influenciadores e jornalistas precisam refletir se o que estão divulgando irá ajudar ou prejudicar. Uma comunicação ética pode salvar vidas.

3. O suicídio costuma ser resultado de um único evento ou é consequência de uma série de pressões acumuladas?
O suicídio geralmente é resultado de um acúmulo de dores, pressões e fatores emocionais, sociais e biológicos. Mas é importante reforçar que mesmo quando parece que não há saída, o suicídio não é solução. Existe ajuda, tratamento e acolhimento e buscar um profissional de saúde mental faz muita diferença. E em momentos de crise e/ou emergência o CVV está disponível 24 horas por dia gratuitamente no número 188 ou no chat no site cvv.org.br.

4. Como a vergonha pública e o medo do julgamento social podem agravar quadros de depressão ou ansiedade?
A vergonha e o medo de julgamento podem paralisar a pessoa e fazer com que ela deixe de pedir ajuda, se isolando e se calando, o que é muito perigoso pois o silêncio aumenta a dor. Nos quadros de depressão e ansiedade, o julgamento social pode reforçar ideias negativas e dificultar ainda mais o processo de melhora. Precisamos, como sociedade, acolher mais e julgar menos.

5. Quando alguém tem sua vida íntima transformada em espetáculo público, quais mecanismos emocionais podem levá-la a sentir que não há saída?
Nessas situações a pessoa pode sentir que perdeu o controle da própria história. Isso pode gerar vergonha, impotência, medo, desesperança… a sensação é de que não existe mais espaço seguro. Mas alternativas existem: a psicoterapia, juntamente com o apoio de pessoas próximas, psiquiatria e também serviços como o CVV, podem ajudar a reconstruir a confiança e abrir novos caminhos.

6. De que forma a violação de segredos, como informações sigilosas em processos intensifica o sofrimento da vítima?
A violação de segredos é uma quebra de confiança muito grave, pois quando algo que deveria estar protegido vem a público, a pessoa pode se sentir traída, desamparada e exposta. Isso amplia ainda mais a dor porque não é só o que aconteceu, mas também a falsa sensação de que não há proteção nem amparo.

7. Qual é o risco de páginas de notícias ou influenciadores tratarem tragédias humanas como forma de entretenimento ou de disputa política?
Isso desrespeita a dignidade da pessoa, banaliza o sofrimento e pode até estimular comportamentos de risco em quem é mais vulnerável. Além de machucar quem já está em dor, transmite a mensagem perigosa de que a vida humana pode virar espetáculo.

8. O suicídio pode ser visto, em certos casos, como uma resposta desesperada a uma pressão social insuportável?
Sim, muitas vezes o suicídio aparece como uma resposta desesperada a uma dor que parece insuportável. Mas precisamos lembrar: o suicídio não resolve, ele interrompe uma vida que ainda poderia ser cuidada e transformada, é uma ação permanente para uma situação momentânea. Sempre existem alternativas, buscar apoio psicológico e médico abre novas possibilidades, mesmo quando parece que não há saída.

9. Na sua visão, como profissionais da comunicação poderiam contribuir para a prevenção do suicídio, em vez de reforçar a exposição e o estigma?
A comunicação pode ser uma grande aliada na prevenção e isso acontece quando se escolhe ética em vez de sensacionalismo, quando se dá espaço para falar de saúde mental e quando se mostra caminhos de acolhimento. A mídia tem um poder enorme: ela pode reforçar estigmas ou pode salvar vidas. A diferença está em como é feita essa comunicação.

10. Que mensagem a senhora deixaria neste Setembro Amarelo para aqueles que consomem conteúdos sensacionalistas, lembrando que por trás de cada manchete existe um ser humano?
A minha mensagem é: sempre lembrem que por trás de uma manchete existe uma vida real, com sentimentos, família e história. Quando consumimos e compartilhamos conteúdos sensacionalistas reforçamos essa lógica de exposição e dor. Que a gente escolha mais empatia, humanidade e respeito, não somente em setembro mas o ano todo. E se você que está lendo está em sofrimento, saiba que pedir ajuda é um ato de coragem.

Locais onde você pode buscar ajuda:

  • Psicoterapia particular comigo ou outras psicólogas
  • Psicoterapia e psiquiatria pelo SUS através do CAPS, Ambulatório de Saúde Mental (em São João) ou postos de saúde nas cidades em que esse serviço seja ofertado
  • Faculdades com cursos de psicologia, em São João temos na UNIFAE e UNIFEOB
  • Em casos de emergências no CVV pelo 188 ou pelo site

Você não está sozinha/o, e a sua vida importa!

🌟 Ana Cláudia Alves Scarabelo
📌 CRP/SP 06/156975
📱 WhatsApp: 19 97143-0817
📸 Instagram: @psicologa_anac

🎓 Formada pela UNIFAE, com pós-graduação em Psicologia Humanista com Abordagem Centrada na Pessoa, e Gestão Social: políticas públicas, redes e defesa de direitos.



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