O Rotary foi fundado em 1905 numa época em que a palavra empenhada tinha um valor muito forte. O que prevalecia, acima dos contratos escritos e assinados, era o acordo de cavalheiros, com a palavra dada como única garantia. O que se dizia “apalavrado” era sagrado, seu cumprimento, questão de honra. Era o código de ética em vigor numa Chicago conturbada pela corrupção e pela violência.
Talvez seja a ética a única coisa rígida do Rotary. Em questões de ética, o Rotary é hoje o mesmo de 1905, quando foi fundado por Paul Harris. A ética em Rotary é um princípio que não pode mudar, e é graças a elevados padrões de ética, que o Rotary certamente chegou aos 100 anos e aspira mais 100 anos de sucesso.
Não podemos afirmar que a Prova Quádrupla seja um código ou tratado de ética, pois se trata apenas de uma reflexão, uma indagação, um questionamento sobre o que nós pensamos, dizemos e fazemos, nada mais do que isso. A Prova Quádrupla está para um código de ética assim como uma jangada está para um transatlântico. Uma jangada, na sua simplicidade é perfeita, não afunda, pode passar um tsunami que ela continua a flutuar. Já o maior transatlântico, o mais perfeito, como se dizia ser o Titanic em 1912, um navio impossível de afundar, não passou da primeira viagem. A simplicidade da Prova Quádrupla, é como a jangada, fácil, simples, não tem nada a ver com tratados complexos, porque quanto mais complexo é um tratado, mais difícil de ser aplicado.
A Prova Quádrupla pode ser comparada a quatro peneiras de malhas diferentes. Pega-se “Tudo o que pensamos, dizemos e fazemos” e coloca-se na primeira peneira: “É a verdade?” Pergunta simples, que não admite discussão. A gente ouve por aí, qualificações sobre a verdade. Já chegaram até a dizer: ”verdade verdadeira”. Toda verdade é sempre inquestionável, insofismável, absoluta. Ou é verdade, ou não é, não existem meias-verdades. Agora, existem profissionais que não aceitam a Prova Quádrupla, porque não consideram a verdade como absoluta.
Passou na primeira peneira, vem a segunda peneira, de malhas mais estreitas: “É justo para todos os interessados?”. Eu encaro a justiça como uma coisa que deva ser sempre objetiva, uma relação de causa e efeito. Se é justo em determinado assunto, tem de ser justo para todos os interessados. Se você considera a justiça como algo subjetivo, como algo que não seja uma relação de causa e efeito, o que é justo para uns, poderá não ser para outros.
Depois dessa peneira, vem a terceira peneira: “Criará boa vontade e melhores amizades?” Aí está a essência do Rotary: a solidariedade, a mútua cooperação, o companheirismo. Tudo o que nós fazemos deve somar. A solidariedade une, a desarmonia, o desentendimento, separam. Tudo o que gera divisão não está de acordo com a Prova Quádrupla.
Por fim, vem a quarta e última peneira: “Será benéfico para todos interessados?” Essa é a finalidade do Rotary: gerar o bem. Numa sociedade em que prevalece o egoísmo, cada um quer tirar proveito maior, vantagem maior, não importando os meios, lícitos ou ilícitos. Não é isso que a Prova Quádrupla prescreve. Passou nas quatro peneiras, pode fazer, pode aplicar. Se levarmos a Prova Quádrupla para todas as nossas ações, no trabalho, nas relações familiares, nas relações comerciais, teremos a certeza de estarmos sempre agindo corretamente.
Adaptado dum Resumo da palestra proferida no Rotary Clube do Recife, no dia 07 de abril de 2005 por Alberto Bittencourt