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Setembro Amarelo: Psicóloga Renata Melo fala sobre os impactos dos vícios e a importância da rede de apoio

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Prevenção do Suicídio: entrevista exclusiva com a psicóloga Renata Melo

Em entrevista exclusiva ao jornalista Rafael Arcuri, do Fala São João, a psicóloga Renata Melo (CRP 06/203522) falou sobre sinais de alerta, os impactos dos vícios e o papel das redes de apoio na prevenção do suicídio. Confira a íntegra das respostas:


1. Quais sinais ou comportamentos você identifica como indicativos de risco de suicídio em pacientes?
Isolamento, falas como “minha vida perdeu o sentido”, autodepreciação na percepção de si, ausência de autocuidado físico, de forma perceptível e que não se confunde com estilo de vida, além do olhar perdido, entre outros.

2. Como o abuso de álcool e outras drogas influencia o risco de pensamentos ou tentativas de suicídio?
O uso abusivo de substâncias psicoativas, por si só, já traz prejuízos significativos. Elas geram momentos de euforia e sensação de “bem-estar”, mas, em seguida, provocam vazio quando seus efeitos passam. Nesse momento, pessoas com ideação suicida podem chegar a cometer o ato.

3. De que maneira os vícios em jogos ou internet podem contribuir para o aumento do risco de suicídio?
De forma semelhante ao álcool e outras drogas. No caso dos jogos, há o agravante da recompensa financeira, que gera euforia e sensação de “sucesso”. Quando começam as perdas, surge a frustração, acompanhada de prejuízos financeiros e isolamento social, trazendo o mesmo vazio que ocorre com as drogas.
Nas redes sociais, a busca incessante por padrões inalcançáveis, baseados em realidades idealizadas, gera frustrações. Sem suporte emocional para lidar com isso, vêm o vazio e a desesperança.

4. Qual é o papel de familiares e amigos na prevenção do suicídio e como eles podem oferecer apoio efetivo?
A família e os amigos formam a chamada rede de apoio, fundamental no processo de prevenção. É preciso respeito, compreensão e empatia, sem julgamentos. A escuta atenta, sem críticas, faz com que a pessoa se sinta acolhida e fortalece o vínculo para encaminhar ao apoio profissional. Buscar conhecimento sobre o tema também é essencial.

5. Como os profissionais de saúde mental podem atuar preventivamente junto a pacientes em situação de vulnerabilidade?
O acolhimento e a escuta qualificada são pontos de partida. Cada caso é único, mas campanhas permanentes de esclarecimento ajudam a tornar o tema parte do cotidiano. Assim, as pessoas podem se sentir mais seguras para procurar ajuda.

6. Qual é a importância de grupos de apoio e autoajuda, como Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA), na prevenção do suicídio?
Quando a pessoa em sofrimento psíquico encontra-se entre pares, sente-se pertencente e acolhida. Ao identificar pessoas na mesma situação e que conseguiram algum controle, ela tende a se engajar. Esses grupos são fundamentais em qualquer lugar.

7. Como o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) atua na proteção de pacientes com risco elevado de suicídio?
O CAPS é um serviço de saúde mental de porta aberta, sem necessidade de encaminhamento. Funciona como serviço de urgência em casos de suicídio. A pessoa é acolhida por uma equipe multiprofissional, passa por triagem e tem seu tratamento direcionado para o equipamento adequado do SUS. É um serviço essencial diante das implicações do suicídio.

8. Que estratégias podem ser adotadas para manter pessoas com tendências suicidas engajadas em tratamentos ou terapias?
O engajamento varia em cada caso. Fatores como a rede de apoio, um bom serviço de saúde mental e o apoio social da comunidade em que a pessoa está inserida fazem toda a diferença.

9. Quais são os principais desafios enfrentados pelos psicólogos ao lidar com pacientes que apresentam múltiplos fatores de risco, como dependência química e transtornos mentais?
O maior desafio é compreender em que estágio de dependência de álcool e drogas o paciente se encontra e obter o diagnóstico correto de possíveis transtornos mentais. Como cada caso é único, a individuação deve ser prioridade. São pessoas em grande sofrimento psíquico e fragilidade, por isso o cuidado precisa estar alinhado ao código de ética do psicólogo e baseado em teorias e práticas reconhecidas pela comunidade científica.

10. Que recomendações você daria à população em geral sobre como identificar e auxiliar alguém que possa estar pensando em suicídio?
Ao perceber mudanças de comportamento, aproxime-se sem ser invasivo. Escute com paciência e respeito, demonstrando preocupação e interesse em ajudar. Ofereça informações sobre onde buscar apoio e, acima de tudo, faça tudo com amor.

📞 Se você ou alguém que você conhece está em risco, procure ajuda imediatamente: CVV 188 – Atendimento gratuito e sigiloso, 24h por dia.

Renata Melo aparece em sua foto favorita ao lado de Mário Sérgio Cortella, registrada em 2023, após um show de Chico Buarque. Cortella, filósofo, escritor e professor brasileiro nascido em 1954, em Londrina (PR), é mestre e doutor em Educação pela PUC-SP, onde atuou como professor-titular. Reconhecido como comentarista na mídia, palestrante e autor de destaque, já publicou diversos livros sobre vida profissional e ética, com mais de 3,8 milhões de exemplares vendidos.

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