Movimentação política levanta questionamentos sobre uso da máquina pública e “rodízio de cadeiras” entre Legislativo e Executivo
Em mais um episódio que ilustra a velha prática da política local, o vereador Titi (AVANTE) oficializou, durante a 8ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal de São João da Boa Vista, realizada nesta segunda-feira (7), seu pedido de licença política para assumir a Diretoria de Habitação da Prefeitura Municipal.
A manobra só foi possível após a recente aprovação da Emenda à Lei Orgânica nº 1/2025, que permite aos vereadores se afastarem temporariamente de seus mandatos para ocuparem cargos comissionados no Executivo, mantendo o direito de retornar ao Legislativo a qualquer momento — algo que muitos consideram uma porta giratória entre os poderes.
Titi, com mais de quatro décadas de idas e vindas no Legislativo sanjoanense, foi aplaudido ao final do discurso de despedida. Porém, o que soa como homenagem, também acende o alerta: será que o cidadão, que esperava por renovação política, está assistindo apenas à troca de posições dentro do mesmo grupo político?
A mudança abre espaço para o suplente Pastor Carlos (também do AVANTE), que deve tomar posse na próxima quinta-feira (10). Assim, o partido mantém sua força dentro da Câmara, mesmo com a saída temporária de um de seus nomes mais tradicionais.
Nas palavras do próprio Titi, “a responsabilidade maior é dos que estão chegando”. Resta saber se os que chegam terão, de fato, liberdade para agir, ou se apenas seguirão o roteiro da velha política.
Essa movimentação levanta reflexões importantes sobre transparência no uso de cargos públicos, compromisso com o mandato e os reais interesses por trás da licença de vereadores. Em tempos em que o eleitor clama por ética e seriedade, casos como esse mostram que a luta pela boa gestão pública ainda está longe de acabar.
